segunda-feira, 3 de maio de 2010

PROFISSÃO DOCENTE E EMANCIPAÇÃO

A profissão docente passa por um longo período de crise, produto das mais variadas forças que compõem a dinâmica econômica, política e social. Submetidos às pressões de tais forças, os professores não conseguem, no mundo da prática, efetivar o potencial emancipador da educação. De tal modo que, no interior da instituição escolar, pressionados a “cumprir programas”, seguir documentos – muitas vezes sem compreendê-los – e dar conta das reais necessidades do alunado, não articulam a formação das novas gerações com um projeto teórico-prático de emancipação dos indivíduos e efetivação da democracia brasileira.
A instituição escolar brasileira sofre de uma crise identitária reflexo da história e das desigualdades econômicas e sociais. Não podemos esquecer que o período da ditadura militar (1964-1985) deixou suas marcas profundamente enraizadas nas instituições. Diante disto, o teor autoritário da legislação escolar só foi alterado a partir da Constituição Federal de 1988 e da Lei nº. 9394/96, ou seja, ainda vivemos uma longa fase de transição e, isto, obviamente reflete na instituição escolar, pois embora a legislação tente caminhar na direção da democratização as práticas cotidianas ainda reproduzem o autoritarismo ora diretos, ora mascarados com um discurso conciliador.
Isto posto, não é surpresa encontrarmos cursos de formação de professores que ainda carregam os traços autoritários e aqui o que interessa é dar uma formação tecnicista, sem articulação da relação teoria-prática. Neste sentido, o professor só poderá ser um instrutor, aquele que segue materiais produzidos por quem efetivamente sabe (os professores responsáveis pela elaboração de livros didáticos, apostilas etc.) e não um educador bem formado, criativo e consciente da sua importância crítica e fomentadora da emancipação intelectual.
Assim, é necessário superar a herança e práticas autoritárias da instituição escolar e formar professores que consigam dar conta da tensão teoria-prática. Professores que diante do estado atual de coisas não digam que o mundo contemporâneo é pragmático, e, portanto, distante da reflexão teórica. Ou por outras palavras, professores capacitados para a pesquisa e docência, bem como, capazes de escutar as demandas do alunado, mas acima de tudo capazes de nessa escuta, salientar que é com a participação deles, no processo de conhecer-educar-aprender, construímos uma sociedade democrática mais sólida, civilizada, capaz de evitar ataques mais frequentes da barbárie. A educação só pode efetivar seu potencial emancipador se as forças que a impedem forem compreendidas e modificadas.

2 comentários:

Um Toque de Afeto disse...

Olá...

peneirando na Net encontrei teu texto..rs
amei..sensacional sua colocação..Bravo!!!
É o que venho tentando colocar e aqui encontrei em suas palavras..
Abçs

J.Ricardo Vieira disse...

Obrigado! Não esperava que o blog - que por sinal anda parado - fosse encontrado rs...Fique à vontade para utilizar os textos...
Abraço!